É, parece um pouco tarde para escrever sobre um show que assisti no último dia do mês passado, mas, sou daquelas que acreditam no “antes tarde do que nunca” e, pensando bem, há certas coisas que não contêm prazo de validade, assim como o que fica em nós depois da arte. Mas, deixemos de rodeios e vamos para a Via Láctea de nosso querido Vira Lata Tom Zé, a qual me bastou um ônibus e algumas estações de metrô para chegar até lá, no Sesc da Vila Mariana.
Tom Zé todo pimpão no flyer de divulgação dos shows |
Consegui comprar os ingressos
para o primeiro dos três dias de shows que Tom Zé faria para
lançar seu mais recente disco “Vira Lata na Via Láctea”. De cara, se me
perguntam como foi, digo que diferente de todos os shows de outros artistas que
já assisti, e advirto: não vá a um show do Tom Zé esperando a apresentação de um
grande cantor. Isso evita frustrações e, ao mesmo tempo, faz aumentar seu raio de visão/audição da capacidade que a genialidade
deste artista pode alcançar, a começar por suas letras inteligentes, sagazes, divertidas
e contemporâneas:
Geração Y: “Oi, oi / Me clone/ Aí no seu
smartphone/ Me bote online, não me largue/ Ipad, Ipad, Ipod, aí
pode”; Mamon: “O antigo
bezerro de ouro, de ouro/ É novamente adorado, dourado/ O homem só vende
consumo, consumo/ Usado fica descartado/ Surrado, surrupiado”; Salve a
Humanidade: “mas o que salva a humanidade
/ é que não há quem cure a curiosidade / a curiosidade inventou a humanidade /
o buraco da fechadura”, respectivamente a 1ª, 7 ª e 8 ª música do álbum, que
contém 14 faixas e tem a direção artística de Marcus Preto.
"Este CD se apresenta como Capelas Irradiantes, construídas em torno de uma edificação central, cada uma abrigando uma parte do culto" |
Mais sobre o show? Não teve a participação dessa galera
toda que participou no álbum, mas as histórias que Tom contou de algumas letras
como "Irara Irá Lá", "Banca de Jornal" e "Mamon", por exemplo, são pérolas somente do
show. Sem contar que ele sente-se tão à vontade no palco como em sua própria casa,
como se estivesse conversando com qualquer um de seus amigos ou dando uma
entrevista, suponho. Porque ele interrompia as próprias músicas para contar as histórias tão delas quanto dele.
Algo, além disso? Já imaginou ter 78 anos e produzir
como um garotão de 20 e poucos?! Impossível não ser fã desse cara. Que bom
poder conhecer um pouquinho de sua galáxia!
Dê o play!
Dê o play!
Até a próxima,
Elís Lucas