Vitor diante de seu gigante |
No palco, apenas uma luz baixa, o
teatro escuro. O público aguardava ansiosamente pelo pernambucano que, depois de
cerca de dez minutos, subia ao palco pela lateral esquerda, pisando tão firme a
ponto de ser ouvido por todos. E firmeza não era o que lhe cabia apenas nos
pés. Suas mãos, que hora deslizavam tão suavemente sobre as teclas, também as
açoitavam bravamente, com fúria, domínio e uma habilidade de nos abrir a boca. Encurvava-se
em frente ao piano como se o reverenciasse.
Lá estava ele, camisa branca e calça jeans. De pouca idade, 24 anos, se não me
engano, o que apresentava, quem
nunca assistiu a um concerto ou nunca viu um show seu, não faz ideia do que
perdeu até agora na vida. E afirmo isso sem pestanejar. A porta que ele nos
abre com seu som, nos leva para outra dimensão. Impossível sair de seu concerto do mesmo jeito
que entramos, nos desconcertamos.
Diferentemente da primeira vez
que o assisti, em 2010, no Teatro Padre Bento (em Guarulhos), neste show, Vitor se comunicou
com o público através de um telão, estilo cinema mudo, saca? A única vez em que
se ouviu sua voz foi nos vocais que fez durante algumas músicas. Vocais esses que nos descolam do chão, nos deixam meio atordoados, golpeados pela
beleza das notas e seus timbres. Lembro-me de ter lido em uma de
suas entrevistas, que ele se inspira em Thom Yorke, seu maior ídolo, para
fazê-los. Mas, a novidade não foi só essa. Mais quatro
músicos fizeram parte da mágica noite. Eu não me recordo de terem sido
apresentados ao público, mas eram três violinistas e uma violoncentista. Foi impossível
não fechar os olhos. A sensação era de estar levitando.
Entre o repertório, músicas do novo álbum “A/B”, além de uma composição de Heitor Villa Lobos e
Paranoid Android, de Radiohead, uma das bandas favoritas do garoto prodígio.
Com o velho rádio em mãos, o qual já usou em outras apresentações, ele suja a
música (que gravava na pedaleira enquanto a tocava) com estações mal
sintonizadas e mais uma vez nos desconcerta. Que loucura é essa? Nos
perguntamos. Isso é Vitor Araújo, que na última música abandona o palco
enquanto as últimas notas, gravadas na pedaleira, ressoam... Como se a própria
música o absorvesse.
PS.: Foi bom poder abraçá-lo e agradecê-lo por dividir sua arte.
PS.: Foi bom poder abraçá-lo e agradecê-lo por dividir sua arte.
Até a próxima,
Elís Lucas
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