quinta-feira, 7 de março de 2013

Qual o sentido da vida?

Vai na fé, Marginal Alado!
Como resposta ao título-pergunta, extraído porcamente da letra de Rubão, O Dono do Mundo, um dos hits do Charlie Brown Jr., nenhum. Isso pelo menos para Alexandre Magno Abrão, 42, conhecido pelo público, fãs, opinião públicas e haters como Chorão. Era o que parecia ser nos últimos tempos, em virtude da iminente depressão na qual ele mergulhou após divorciar-se. E dizer algo como "Chorão está morto", de tão repercutido no mainstream e nas timelines do Twitter e do ~feice~, chega a ser digno se virar uma #VanzoNews [ainda não conhece a hashtag criada por Fábio Vanzo, que escancara com bom humor e um quê de desilusão a mediocridade do jornalismo atual e faz a alegria dos tuiteiros de plantão? Olha, vale pacas a pena conferir o que rola por lá. Parênteses feitos]. Pretendia ter escrito antes algo a respeito, mas o dia foi from hell. Como se alguém fosse dar a mínima para isso - o texto, no caso.

As circunstâncias são nebulosas e qualquer tipo de especulação é irresponsável, leviana e insana. Isso sem contar que a parte forense fica para os responsáveis por tal. E falar que Chorão era um gênio compreendido, um poeta marginal ou algo que valha é hipocrisia barata, digna das carpideiras de aluguel. Por outro lado, é fato que ele, juntamente com a banda - leia-se Marcão, Champignon, Thiago (até 2001) e Pelado -, foi um dos expoentes do rock nacional do fim dos anos 90 e do começo do século XXI.

Chorão não tinha como objetivo tornar-se um ícone pseudo-cult, ao contrário do que seu desafeto e - por que não? - alterego Marcelo Camelo. Ao contrário, ele odiava gente chique e não usava sapato. Diga-se de passagem, graças ao (ex?) hermano, o cara foi considerado por um bom tempo como boçal e qualquer adjetivo correlato pelos bródinhos que adoravam cagar regras, mas que eram donos de intelecto de mosca de bar. Ele poderia mandar alguns chorumes, mas seu discurso tinha alguma coerência, de certo modo.

Tretas à parte, o negócio e a terapia dele eram o palco, onde ele fazia questão de lavar a roupa suja, não raras vezes com exagero. Quem não se lembra do esculacho público que ele deu em Champignon durante show que rolava em Apucarana (PR), no não tão distante setembro do ano passado? Ou das constantes brigas, que resultaram nas constantes mudanças de formação e nas inevitáveis comparações com Axl Roses por causa disso?

De quebra, soa hipócrita qualquer declaração de idolatria ao cara. E isso não cabe a nós, mas sim aos adolescentes e mais jovens, que curtiam o som atual do CBJR. A muitos de nós cabe a nostalgia dos primeiros tempos, de faixas como O Coro Vai Comê!, Proibida Pra Mim, Rubão, O Dono Do Mundo, Lugar Ao Sol, Vícios & Virtudes e afins. Quem não cantava na adolescência versos como "Os caras do Charlie Brown invadiram a cidade", "Se não eu, quem vai fazer você feliz?", ou enrolou bonito a língua até descobrir que a onomatopeia que o cara mandava era algo como "Pretty bitch for fun", que atire a primeira pedra. E, bem ou mal graças à banda - e a Chorão -, muita gente mergulhou de cabeça no rock'n' roll. Uns viraram metaleiros; outros, indie (Presente!). Houve quem largasse essa merda desencanasse e partisse para algo mais, digamos, cult.

Enfim, o escritório de Chorão não é mais na praia, mas em algum plano desconhecido. Aos que foram ou são fãs, aos que de fato ficaram chateados ou seguiram o inconsciente coletivo das redes sociais, o lance é respeitar a memória do cara. E mais uma coisa: é bom não cair nessa onda de coletâneas e álbuns póstumos, pois aí seria a mercantilização da morte. Se pá, ele diria - e com razão - que o jovem no Brasil não é levado a sério.

É isso.

Até mais ver,

Mau.

2 comentários:

  1. Nunca curti nem o Chorão nem a banda. Mas respeito o como ser humano. Chamar ele de Gênio é demais pra mim, não. Embora nascido em 74, gênio pra mim ainda é Elvis, Lennon, Raul e por aí vai, tomando cuidado claro pra não babar ovo de uns como Paulo Coelho, mas enfim. Como postei na minha (linha dos tempo) no fez-se buk :"Nunca curti o Charlie Brown Jr. nem o chorão. Mas respeito o ser humano. Mas sempre me chamou atenção a energia dele no palco, o cara sabia comandar e levantar a galera que os curtiam."

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  2. Olá Baratta,

    Confesso que gostava do CBJR na adolescência. Com o passar do tempo, não me identificava mais com o som e com as letras da banda, logo, aquela figura do Chorão todo politizado, que dialogava bem com a gurizada, não fazia mais sentido.

    Não era fã do Chorão artista, mas ele tinha méritos e a energia da banda durante apresentações ao vivo era impressionante. Concordo contigo: também o respeitava como ser humano. Estava longe de ser um gênio, é verdade, mas era sincero consigo próprio e não tinha papas na língua. Pena que o fim dele foi esse.

    Ah, valeu por ter lido o post! :-)

    Abraços,

    Mau.

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