sexta-feira, 26 de abril de 2013

Para muitos, a Coca não Colou com Tom Zé, mas que deu liga a um novo trabalho, isso é inegável



Depois de ter narrado um comercial da Coca-Cola, o qual falava da Copa 2014, Tom Zé foi crucificado por muita gente, que passou a chamá-lo de vendido depois do ocorrido. Mas, a genialidade do tropicalista não deixaria por menos. E a partir das críticas ferrenhas feitas ao baiano de Irará, ninguém esperava que surgiria um EP.


“Tribunal do Feicebuqui” é o nome da obra, que foi lançada na última segunda-feira, 22 de abril, e disponibilizada gratuitamente para download no site de Tom. São cinco faixas que, embora não sejam respostas aos facebuqueiros, abordam o assunto de forma muito bem humorada, como no trecho: 

“Não ouço mais/ eu não gostei do papo/ Pra mim é o príncipe que virou sapo/ Onde já se viu?/ Refrigerante!/ E agora é a Madalena arrependida com conservante”.

A obra, que foi idealizada pelo fodástico jornalista Marcus Preto, traz também participações da Trupe Chá de Boldo, Tatá Aeroplano, Emicida,  Filarmônica de Pasargada e O Terno. Mas, os caras não só participaram da gravação como também colocaram a mão na massa. Pois, das cinco músicas, três delas foram compostas em conjunto. Só Irará e Papa Francisco Perdoa Tom Zé, que foi assinada por Tom Zé e pelo líder de O Terno Tim Bernardes, respectivamente.

E ainda vem mais por aí. Porque o EP é apenas parte do CD que Tom Zé pretende lançar em agosto. Gostou?  Então acessa lá www.tomze.com.br, de quebra ainda vem a certidão do Tribunal do Feicebuqui e as letras das músicas.

Aqui você já pode ouvir a faixa que deu nome ao EP:


Até a próxima,
Elís Lucas

sábado, 20 de abril de 2013

QUEM REPRESENTA A MÚSICA?

Feliciano também não representa
Maradona e Caniggia
Marcos Feliciano, parlamentar-pastor-estrela sazonal e presidente persona non grata da CDHM (Comissão de Direitos Humanos e Minorias), da Câmara dos Deputados, não me representa. Não digo isso por causa da polêmica, agenda setting ou qualquer coisa que valha. Para começo de conversa, não votei nele. Não digo isso por ele ser evangélico, pois não tenho o menor motivo para tal e, de acordo com o artigo V da Constituição Federal, o livre exercício de culto é garantido a todo e qualquer indivíduo. Digo que ele não me representa por causa do fundamentalismo religioso e da incitação à intolerância, pouco importando a qual âmbito, presente em seu discurso. 

Ainda citando porcamente o documento máximo do que deveria ser a democracia no Brasil [chora na cama e engraxe seu coturno com suas lágrimas, Bolsonaro], todos os indivíduos têm direitos iguais, sem distinção alguma. Ou seja, o discurso religioso e sexualmente intolerante do dito-cujo citado na nareba de cera deste pseudo-texto não representa sequer a essência democrática. Isso não quer dizer que todos tenham de concordar com um único conceito - foi mals aí por falar novamente sobre a Constituição, mas esse documento de normas de conduta, comportamento e a porra toda prega a liberdade de expressão. Mas ridicularizar e reduzir a opinião alheia ao absurdo, com base apenas em julgamento de valor dúbio, para não dizer outra coisa, não rola. Podem ficar tranquilos, pois não entrarei em tratados sobre direitos humanos e afins - por ora, pelo menos. 

Sou corintiano, maloqueiro, sofredor, heterossexual, aprendiz de jornalista e, acima de tudo, ser humano. Além de Feliciano, muita coisa não me representa. Alessandro e Júlio César, lateral-direito e goleiro do Corinthians, não me representam [obs: nada contra as pessoas dos dois, mas dá calafrios vê-los em campo]. Marin, filhote da ditadura presidente da CBF, idem. Best sellers esdrúxulos, produtos da indústria cultural e o discurso pseudo-cult com intelecto de bar também. Frases feitas, clichês, roubalheiras, privatarias, mensalões e brigas na Libertadores não me representam, é claro.

Por outro, Chico Buarque, Tite, The Strokes [apesar dos últimos trabalhos], Quentin Tarantino, Gus Van Sant, Vladimir Herzog, Julian Assange, Martin Luther King, entre outros, me representam. Caetano Veloso, apesar de também ser falastrão e merecer ouvir algumas verdades do Adenor, idem. Repito: isso aqui não se trata de julgamento de valor religioso, a começar que a prática religiosa e a liberdade de culto são direitos invioláveis de todo e qualquer indivíduo.

Sem mais delongas e enrolação, a homofobia semidoentia de Feliciano o fez esquecer de que muitas das pessoas tidas como ~amaldiçoadas~ por ele e pelas felicianetes tornaram o mundo da música muito melhor. Exemplos não faltam e vamos a alguns deles, mesmo que em pílulas - até porque posts extensos demais enchem demais o saco:

* Elton John pode ser meio metido a estrela e não exatamente o cara mais sociável do mundo, mas já embalou trilhas sonoras de muitos casais por aí. Assume aí, Feliciano: você tentou dar ideia em algumas gurias ao som de Rocket Man, não negue.



* Robert Halford, frontman do Judas Priest, fez muita gente respeitar o metal. Mas o cara quebrou as regras do machismo "do mal" [sem trocadilhos] e saiu do armário. Não é pela orientação sexual que o cara tenha perdido o respeito, sejamos francos. E outra: tem de ser muito macho para sair do armário, na moral.


* Cássia Eller representou muita gente - inclusive a mim - na adolescência e, claro, continua a fazê-lo, mesmo após ter ido ao além. Seguramente, ela teria mandado algumas boas verdades a Feliciano se estivesse viva.



*Farrokh Bulsara. Bom, talvez nem a população equivalente à torcida do Quissamã (RJ) o conheça pelo nome. Tá, vamos simplificar um pouco as coisas: vocês manjam Freddie Mercury, né? Então, nenhum adjetivo consegue definir o que o cara foi para o Queen e para a música. E pouca gente fez uma música para  anunciar que saiu do armário tão foda quanto ele e a lendária banda, não? Nothing really matters, got it?



* Ney Matogrosso: não, o Secos & Molhados, banda da qual ele foi frontman, não serviu como inspiração/plágio para o Kiss. E essa lenda urbana já era, certo? Mesmo assim, o talento do tio é incontestável. Ah, são poucos os caras que conseguem manter o pique e a competência praticamente após quarenta anos de vida artística - no mainstream, pelo menos. Além de Matogrosso, só David Bowie, tio Macca e os decanos do Rolling Stones que podem se vangloriar disso.



Se for ficar enumerando todos(as) aqueles(as) que têm orientação sexual alheia ao que o senso comum prega, este post seria ao melhor estilo A História Sem Fim. É estranho deixar Cazuza, Renato Russo e muitos outros sem citações dignas de nota, mas o objetivo foi mostrar alguns dos jedis da história. Como diziam os caras dos Mamonas [que, Feliciano, não foram mortos por Deus], abra sua mente.

Beijundas,

Mau.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

MEET THE BUCKLEYS

Fera, você continua a fazer falta.
Pena que o resultado do seu segundo
trampo ficará apenas na imaginação dos fãs.
Meio mundo já sabia que Greetings From Tim Buckley, filme sobre Jeff e Tim Buckley, está para ser lançado. Muitos já sabem que a trama se passa dias antes de um tributo a Tim Buckley que seria feito na igreja St. Ann's, em Nova Iorque, do qual o filho, Jeff, até então desconhecido do grande público, participaria e apareceria para o mundo da música. Mas [espero não parecer idiota por fazer esta pergunta] será que todo mundo sabe quem foram Tim e Jeff Buckley?

Tim, o pai, era um daqueles músicos bem virtuose, chegado em trabalhos experimentais, ora no folk, ora bebendo da fonte do R&B, nos quais mostrava todo o seu talento, mesmo não sendo dos mais comerciais, digamos assim. Em minha irrelevante opinião, seu principal trabalho é Goodbye And Hello (1967). Jeff, um dos maiores nomes da música nos anos 90, é idolatrado - por mim, inclusive - graças ao álbum Grace, uma das masterpieces daquela década. Pena que ele faleceu aos 30 anos, após afogar-se em um rio, no já distante 1997, e deixou um dos maiores mistérios da história da música no ar: como teria sido o segundo trampo do cara? Ainda acha que isso tudo é idolatria de pseudo-indie chato? Basta dizer que, certa vez, Jimmy Page, AQUELE, declarou que o cara era "uma gota cristalina em meio a um mar de ruído"? [NOTA: Tim faleceu aos 28 anos, em 1975, após overdose de heroína e morfina. Parêntese feito.]

Enfim, o filme, coestrelado por Penn Badgley (daquela série de menininhas, uma tal de Gossip Girl), que interpreta Jeff, e Ben Rosenfield (Tim), estreia nos EUA em maio deste ano. Já por estas bandas, a estreia da película ainda não tem previsão. Com um pouco de sorte, poderemos assisti-lo antes do Natal, a não ser que pinte um torrent maroto.

Enquanto isso, o que nos resta é apreciar o trailer. Há muita coisa fictícia com base no tributo, que realmente existiu, mas isso não é uma surpresa, sejamos francos.



Para quem não conhece a obra de Tim Buckley, aí vai pedrada - ou melhor: Pleasant Street, de Goodbye And Hello. É a minha música preferida feita pelo tio, mas esse é um detalhe irrelevante.



Claro, como não poderia deixar de acontecer, qualquer som de Jeff Buckley é obrigatório. A seguir, Grace, do álbum homônimo. Mas se você quiser, pode chorar à vontade com Last Goodbye, So Real, Forget Her - perdi as contas de quantas bad vibes foram ~embaladas~ por essa música -, Hallelujah - que só não me atrevo a dizer que ficou melhor do que a versão original, de Leonard Cohen, porque aí já seria demais -, entre muitas outras.



O que resta agora é aguardar o lançamento de Greetings From Tim Buckley e analisar se a película honra o legado do pai e do filho.

Beijundas,

Mau.

terça-feira, 2 de abril de 2013

O QUE VI DO LOLLAPALOSER

E o pessoal do rock gourmet
estava reclamando da lamOH, WAIT!
Como todos sabem, muita gente aproveitou o feriado religioso para chafurdar na lama. [aaahhhhnnnnnn] Ou melhor, curtir um som maneiro, daqueles de rock gourmet, na Chácara do Jockey. E eu, por estar mais falido do que um cipriota, aproveitei para assistir a todos os shows pela televisão. Era a parte que me cabia do latifúndio, saca?

Sem mais chorumelas, é um tanto leviano e irresponsável dizer quais foram as melhores, piores e irrelevantes apresentações dos três dias de esculhambação de música. Isso sem contar que não sou ~sommelier~ de shows, crítico ou exerço qualquer atividade correlata. Mesmo assim, vamos a algumas impressões sobre o festival que terá a terceira e lamacenta edição em 2014. Faço questão dizer que é humanamente impossível comentar sobre todas as bandas. Escolhi alguns cases para citar ou malhar o Feliciano Judas:

* Da turma mais underrated e desconhecida por estas bandas, o novo bluesman Gary Clark Jr. é o headliner da bagaça. O cara é extremamente virtuose e o seu som, que faz aquele mix de respeito entre o blues e o bom e velho rock arte, rock moleque, rock sem frescura y me voy, mostrou por que é o queridinho de Austin, capital cosmopolita e não tão red neck assim do Texas;

* Cake: os tios não são necessariamente os queridinhos dos modernos, hipsters, metidos a roqueiros e qualquer coisa que valha, mas eles sabem animar uma festa - no caso, uma multidão - e sabem o que fazer no palco. Eles mandaram alguns hits respeitáveis made in 90's, como Never There, mas eles fizeram bonito com War Pigs - com todo o respeito ao metal, é bom dizer - e I Will Survive. Diz aí, sem preconceitos: você curtiu - de modo hétero ou não - que eu sei. Pode sair de fininho do armário musical, filhão;

* The Killers: os caras lá do deserto, cassinos e puteiros de Las Vegas honraram o nome e fizeram apresentação matadora - não a melhor, é bom que se diga. Com misto de hits do Hot Fuss e Sam's Town [o MELHOR álbum deles, na minha irrelevante opinião] e o novo trampo do Battleborn, os caras fizeram o público pular no fim do dia #1 como se fosse um show somente deles. E Brandon Flowers, você mandou bem pacas, fera;

* Os micareteiros indies do Two Door Cinema Club deram aquele ânimo nos entusiastas do the best of rock gourmet e, para o que se propuseram, fizeram um puta show. Os caras mesclaram os hits teen (?) do primeiro trampo, Tourist History, com os do mais amadurecido Beacon. Para uns e outros, eles jogaram ~açúcar indie~ na multidão [pq fas iso, Estadão?];

* Alabama Shakes: esta banda, lá do Acre Alabama [of course, cara pálida], merecia um post à parte. Os caras fazem som simples, sem invenção, que faz aquela mistura coesa e fodástica de elementos do R&B, blues e rock de responsa, com melodias viscerais e matadoras - ou seja, o trampo Boys & Girls é fuck music de primeira [fica dica para dar aquele climão maneiro com a primeira-dama]. E a voz de Brittany Howard não tardará a entrar no hall dos grandes vozeirões femininos ever. Que voz, que mulher...;

* Os bródinhos do Chico Ferdinando ficaram devendo, não dá para negar. Agitaram a galera, fizeram a sua graça, mandaram uns riffs maneiros e doideiras do primeiro trampo - disparado o melhor, já que os outros dois são bem 6,5 - e agitaram a galera como sempre, mas estavam um tanto mortos. De quebra, Alex Kapranos estava desafinando mais do que adolescente quando fala mais alto ou o bêbado do videokê da quebrada. Se eu fosse chafurdar na lama só por causa dos caras, levando em conta o que eles fizeram no dia #2, ainda diria que a melhor apresentação que vi deles em solo nacional foi a no Parque da Independência, em que fiquei para fora e me restou curtir a sonzeira do portão;

* A Perfect Circle: show monótono. Seria melhor assistir a um filme iraniano;

* Tomahawk: tudo o que digo é o seguinte: Mike Patton é doideira, mas é foda. E o som, direto e reto, nada mais;

* Josh Homme, como já era notório, é um frontman de primeiro time. O QOTSA não fez nenhuma invencionice, mas quebrou tudo no palco - sim, o lance de energia durante apresentações vale demais para os caras e os bródinhos que pularam e ensaiaram bate-cabeças na plateia não deixam mentir. Make It Wit Chu deve ter feito algumas gurias jogar calcinhas no palco ao melhor estilo Wando, certeza, e Feel Good Hit Of Summer, vulga Melô do Dealer, foi um dos pontos altos da apresentação. De quebra, eles mandaram uma nova sonzeira: My God Is The Sun;

* The Black Keys: sim, Dan Auerback e Patrick Carney são os fodões da cena atual, mas são overrated. Não por acaso, um dos ~repórteres~ do Multishow in loco o comparou, acredite, a Jack White e Jimmy Page [menos, não?]. No palco, faltou aquele algo mais, aquela vibração que só os headliners de formação têm. Foi bom, mas, levando-se em conta que eles foram alguns dos "puxadores de vendas" do festival, ficaram devendo;

* Puscifer: uma das grandes decepções, senão a maior. Não há muito a dizer - tanto que não seria estranho se tudo o que fosse escrito sobre os caras fosse o famoso "lorem ipsum" em repeat eterno;

* Kaiser Chiefs: a banda começou mortinha, mortinha, mas acordou de tal maneira que nem ritalina controlaria os ânimos dos caras - Oh My God, um dos maiores hits deles, levou meio mundo à loucura. E Ricly Wilson, emulando os BONS TEMPOS de Eddie Vedder, mandou uns trapézios insanos e de tirar o fôlego no palco;

* The Hives: se o show pudesse ser resumido em uma frase, esta seria: "Puta que o pariu, que show foda!". Eles não foram headliners, mas deveriam ser. Tocar de fraque, apesar de ser dissonante com a vibe da banda no palco, caiu bem. Aposto que o som "pé na porta" dos suecos virou o preferido de muita gente a ponto de parar em muita playlist por aí. Isso sem contar que Howlin' Pelle é um dos maiores frontmen e showmen dos últimos (dez?) anos;

* Planet Hemp: não seria nada estranho se Felipão, AQUELE, aparecesse no palco para dar algumas orientações a D2, BNegão e demais sobreviventes. Não entendeu? A vibe dos caras no palco foi análoga à da seleção (sic) brasileira: muito passado, muito peso da camisa e apresentação que não foi das mais convincentes. Claro que eles animaram muito mais o público e os espectadores domésticos do que a trupe de Neymar e Hulk, mas foi algo previsível e que não deslumbrou ninguém;

* O Pearl Jam merecia um estudo de caso, não apenas um parágrafo. Doce ilusão de quem achou que eles quiseram foder com a vida das Organizações Globo: a política de não permitir transmissões de shows ao vivo pela televisão é recorrente. E isso, com certeza, era de conhecimento da organização e da emissora ~do bem~. Eles até foram preciosistas, chatos e qualquer outro adjetivo mais deselegante, mas estavam no direito que lhes cabiam. Ah, eles têm de garantir o leite das crianças e, sejamos francos, para quem peitou a Ticketmaster e a MTV um dia, isso não foi nada - apesar de, ao levar-se em conta o contexto geral, ter sido uma puta contradição com o que eles defenderam um dia. Polêmicas e televisores quebrados à parte, a apresentação, com base em comentários de quem esteve lá, não foi revolucionária, mas foi fodida. Os caras são jedis, simples assim. Isso sem contar que, além dos clássicos, as covers de Ramones e The Who foram a cereja do bolo do show e do festival.

Gostaram? Compartilhem, curtam, retuitem e elogiem. Caso contrário, o arremesso de lama da Chácara do Jockey na minha cara está liberado.

Au revoir,

Mau.