sábado, 23 de agosto de 2014

"Grace", 20

Da série "trilha sonora fundamental da vida"

23 de agosto de 1994. Há exatos 20 anos, um dos álbuns mais emblemáticos e marcantes dos anos 90 era lançado. Sim, trata-se de "Grace", único trabalho de estúdio lançado por Jeff Buckley [parêntese: em 1997, ele estava em estúdio, gravando o que seria o segundo álbum, quando morreu]. Apesar de não ter sido o que se chama de sucesso comercial, ou seja, não ter tocado nos top 10 da vida de emissoras FM, ter virado trilha sonora de novela global, essas porras aí, muita gente boa era chegada no som de Buckley. Basta dizer que Jimmy Page, lendário guitarrista do Led Zeppelin, Bono Vox e Paul McCartney piraram no som de Buckley?

Não vou teorizar, tampouco propor análises track-by-track sobre "Grace". Tudo o que dá para dizer que o álbum é o suprassumo de vocais emotivos e furiosos, assim como de linhas de guitarra para lá de melódicas e riffs viscerais. A impressão causada ao ouvir qualquer faixa de "Grace" pela primeira vez é algo como "Puta que o pariu, que som genial!". A sensação de ouvir algo inédito e fora dos padrões do mainstream é latente, mesmo após 20 anos de lançamento. É como a personagem de Paz Vega em "Lucía y el Sexo", que invade a sua vida e, quando você percebe, está transando loucamente com ela e fazendo juras eternas de amor. Ou então, é algo como os caras de "Edukators" invadirem a sua casa e colocarem tudo fora de ordem [parêntese #2: a versão de Buckley para "Hallelujah", de Leonard Cohen, está na trilha sonora de "Edukators", que vale a pena assistir].

Tudo está à flor da pele em "Grace". "Last Goodbye" fala sobre o fim de um relacionamento que já vinha se arrastando faz algum tempo. "Forget Her", então, retrata aquela paixão que acaba mal ao ponto de o cara chorar pela guria e querer morrer bêbado ou pular da ponte - quem manja Buckley e nunca chorou ao ouvi-la, que atire a primeira pedra. "Grace", até mesmo por levar o nome do álbum, é a síntese do trampo: bipolar, visceral e emotiva, transitando entre a calmaria momentânea e a catarse. "Halleluja" é quase um hino, de tão minimalista e emotiva que a versão ficou. Pessoalmente, "So Real" é a que mais se parece com a minha vibe: "I love you, but I'm afraid to love you" é o resumo da minha vida. [ops: falei demais].



Não vale a pena ficar teorizando sobre "Grace". A melhor coisa é ouvir. Salut, Jeff!