sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Festa indie no interior

Nevilton Alencar e trupe (Foto: Divulgação)
First of all, esta semana está corrida pra cacete. Também pudera: semana com 250 mil vários fechamentos consecutivos, trabalhos da faculdade e, pelo menos no meu caso, preguiça pacaraio fobia da tela branca do editor de texto. Não foi fácil para a Elís e eu tirarmos a poeira e as primeiras teias de aranha que começaram a surgir por aqui.

A intenção por ora era falar sobre covers, naquele esquema foleiro manjado dos últimos tempos (falta muito para as férias?). Mas, assim como a música, o foco do rolê é falar sobre hard news. E pipocou um release há algumas horas sobre um showzaço que rolará por estas bandas. Mais precisamente dos paranaenses do Nevilton, power trio liderada pelo (adivinhe?) Nevilton Alencar, e que é cultuada pelos indies, hipsters e descolados de plantão.

Os caras animarão a vibe dos passageiros que estarão no Terminal Cecap, em Bagulhos Guaruhos na próxima sexta-feira (7), por meio do projeto "Arte nos Terminais". Para quem é chegado numa sonzeira indie-psicodélica com um pezinho na Tropicália, o show será um programão. E o melhor: no esquema bora pular a catraca na faixa.

Agora, vamos parar com o mimimi e bora ouvir um som dos caras, já para você ir se preparando e - por que não? - fazer aquele aperitivo. Ladies and gentlement, com vocês, Tempos de Maracujá!




Para quem estiver de bobeira daqui a uma semana, o rolê será no Terminal Cecap, localizado na confluência das avenidas Tancredo Neves e Monteiro Lobato, no Parque Cecap. O show começará às 17h30. Ah, para quem estiver com dúvidas para chegar lá, deixem perguntas na caixa de comentários, na fanpage do blog ou, em último caso, uma consulta no Google Maps dá aquela mãozinha.

P.S.: tão breve a loucura desses dias ficar menos intensa, as postagens serão mais frequentes e melhor produzidas. 

Beijundas, Mau.

sábado, 17 de novembro de 2012

Som nada a seco



Ficar em casa em pleno feriado porque você está sem um puto na carteira tem muita coisa para colocar em ordem, seja do trabalho, da faculdade ou de algum frila que pintou de última hora, é algo potencialmente entediante que remete ao mau humor de imediato. Mas, vocês manjam a teoria sobre o otimismo/pessimismo, aquela do copo meio vazio e meio cheio, não? [Se não for o de cerveja, que está e estará SEMPRE meio vazio, essa regra vale para tudo]. E foi o caso de ontem.

Num momento de preguiça à Macunaíma - ou melhor, de ócio criativo -, parei para assistir ao Canal Brasil, um dos melhores canais de toda a história - na minha opinião, pelo menos. E estava passando o show do 5 a Seco, gravado no Ibirapuera no começo deste ano. Confesso que sempre tive um pouco de preguiça de ouvir o som dos caras, por motivos bobos. A começar, pelo nome: como não associá-lo ao nome de uma rede de lavanderias praticamente homônima? Isso sem contar a vibe, que lembra a de alunos de cursos de humanas de universidade pública. Sim, sei que isso soa contraditório demais para quem curte Los Hermanos - é bem verdade que ouvi muito mais - e (finge que) estuda Filosofia numa federal por aí. Sim, falta de critério, admito.


Mas, viagens à parte, parei para ouvir o som dos caras. Sabe-se lá se foi pelo clima meio intimista, meio deprimente do dia, parei para assisti-lo e, de quebra, para prestar atenção no trabalho dos cinco integrantes (Léo Bianchini, Pedro Altério, Pedro Viáfora, Tó Brandileone e Vinícius Calderoni). E, claro, curti pacaraleo demais a levada. Letras para lá de poéticas, que transitam entre o lirismo e a simplicidade cotidiana; e arranjos muito bem elaborados e melódicos ao extremo. Isso sem contar que os caras transitam com autoridade entre o indiezão nível rua Augusta e a MPB casca-grossa, dando aquela passada no folk, pelo samba de raiz e pelo jazz de responsa. Ou seja, a parada é para lá de elegante. E admito que foi impossível conter o arrependimento de não ter ouvido antes o trabalho dos caras.

Não me estenderei muito mais, até porque é muito melhor ouvir o som do 5 a Seco, a minha mais nova banda preferida [risos]. Para quem quiser conhecer um cadim assim o trampo dos caras - em especial, o DVD ao vivo no Ibirapuera, as dicas que posso dar são  Ou Não, com participação mais do que especial de Lenine, e Para Você Dar o Nome:



Enfim, é isso.


Beijundas, Mau.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Um pianista fora de série

Vitor Araújo estreia seu Lado A/B em Sampa

O pianista pernambucano Vitor Araújo em entrega ao seu gigante
Talvez, muitas pessoas não tenham tanta proximidade com concertos e, a falta de interesse ou curiosidade, nesse caso, podem ser injustas inimigas afastando-o de um som que poderia ser um dos melhores descobrimentos de sua vida, em se tratando de universo musical. É sério.

Estreia de Lado A/B neste domingo 
É até aceitável que o fato de o gênero musical não ser popular, talvez atrapalhe um pouco. Eu entendo. Mas, se estamos aqui para discutir sobre boa música, o som alucinante do pianista Vitor Araújo, com certeza, não pode passar batido. Ainda mais porque ele virá direto de Recife, este fim de semana prolongado, para se apresentar no Sesc Belenzinho, no domingo, às 18h para lançar seu mais recente trabalho: Lado A/B.

Eu gosto de escrever aqui porque posso deixar minhas impressões pessoais, já que este foi um dos artistas que vi duas vezes no palco: uma, em 2010, em seu concerto Paixão e Fúria (Ou Desespero) e, na outra, no show da banda Seu Chico, que tem Tibério Azul no vocal. Mas, esta já é uma outra história.

Indico conhecerem o trabalho de Vitor, porque ele pode não ser o cara que te levará a curtir outros pianistas, mas certamente é o pianista que fará você pirar em seu som. Acha exagero?! Então dê uma olhada nesse vídeo:



Vitor vai te deixar arrepiado e fazer se perguntar dezenas de vezes, como um garoto de apenas 22 anos pode ser um artista de tamanho gabarito. Isso, porque ele não é só um pianista: é um artista daqueles que viaja no palco e faz você embarcar na viagem junto com ele. É ousado, espontâneo e simplesmente visceral.

Quer mais?! O crítico da revista Bravo João Marcos Coelho descreveu que em Lado A/B, Vitor combina ingredientes tão distintos quanto o transe de tambores africanos e a emoção de Chopin. É o lado A repleto de melancolia e o B, mais raivoso marcando a reviravolta do disco. 

Ficou curioso?! Então vá ao show e depois conte-me como foi a experiência. O ingresso custa apenas R$24 e estudantes ainda pagam meia.


*Se você é do tipo que gosta de evitar surpresas, baixe o CD aqui.
*Informações sobre ingressos para o show podem ser obtidas aqui.



Até a próxima,
Elís Lucas

terça-feira, 13 de novembro de 2012

GrizzlyLeaks

Grizzly Bear em estúdio

Talvez você já tenha ouvido falar em algum momento da vida, mesmo que da boca de algum amigo hipster-indie-mega antenado no que acontece no rolê lado B, sobre o Grizzly Bear. Antes que você pergunte, não se trata de um desenho sobre ursos viciados em mel ou similares, mas sim sobre uma banda da fértil cena underground nova-iorquina - a propósito, sentimos a sua falta, LCD Soundsystem.

Neste ano, os caras, conhecidos pelo som ora folk, ora eletrônico, lançaram o muito bom - muito bom, por sinal - álbum Shields. Por sinal, vale a pena ouvi-lo, em especial, a faixa Speaking in Rounds. Caso você ainda tenha alguma dúvida se vale ou não a pena ouvir o som dos caras, basta dizer que Jonny Greenwood, guitarrista do Radiohead, disse certa vez que os Ursos-Pardos eram a banda favorita dele?!

Tweet de Daniel Rossen
Mesmo que você decida ouvir o Shields agora ou daqui a algumas décadas, uma amostra grátis do som do Grizzly Bears vazou no último domingo (12). E não foram Julian Assange e os seus bródinhos do WikiLeaks que revelaram a sonzeira ao mundo: o autor da peripécia foi Daniel Rossen, um dos vocais da banda, via Twitter. Logo, já era, pois Not Coming Back já está aí para quem quiser ouvir em alto e bom som - nos fones de ouvido, é claro. Caso ele tenha se arrependido, não há como voltar, como o próprio nome da música sugere. 

De qualquer maneira, o som não é lá dos mais experimentais - que, diga-se de passagem, é uma das marcas registradas da banda -, mas há alguns riffs bem característicos do som dos caras, especialmente o do novo álbum.

Boa audição! 

Abrass, Mau.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

O gosto musical do Pará

Guitarradas, carimbó e influências caribenhas num mesmo sabor


Já que falar da nova cena musical é uma de nossas propostas, não podíamos deixar de lado nem mesmo os sons mais dançantes vindos do norte do País, mais precisamente, do Amazonas e do Pará. Afinal, quem é que não ouviu falar em Gaby Amarantos, a Beyoncé de Jurunas, Belém, que ganhou espaço em rede nacional ao ter a música Ex Mai Love como tema da novela das sete, Cheias de Charme?! Isso, sem contar o "arrastão" que ela fez no VMB 2012, levando três prêmios: Capa do Ano, Melhor Artista Feminino e Artista do Ano.

Gaby Amarantos
Gaby, que cresceu entre tios sambistas, no meio de festas de "aparelhagem" e carros de som disseminando o brega do Pará, não poderia ir por outro lado, senão este, o do Tecnobrega, encarado muitas vezes por nós, paulistas, de forma pejorativa, ignorando a rica cultura destes estados, que misturam as influências indígenas, caribenhas, norte-americanas e pouco menos abrasileiradas. Com exceção dos "mestres da guitarrada", influenciados pelo iê-iê-iê de Roberto Carlos, mas também pelo carimbó (gênero musical indígena influenciado pela cultura negra) e ritmos caribenhos, como calipso e soca.

Eu, honestamente, não havia dado muita atenção ao som e ao sucesso que Gaby Amarantos estava fazendo, já me parecia massificado demais, o que se tornou desinteressante. Até que um post do cantor Pélico no Facebook me levou a conhecer outros artistas do movimento e a repeitar esse sabor que os ventos traziam do norte do País. A postagem se referia a um vídeo do programa Cultura Livre em que Pélico, o paraense Felipe Cordeiro e as cantoras Luê Soares e Lia Sophia participavam.

Felipe Cordeiro

Na mesma hora fui atrás de vídeos de Felipe Cordeiro para conhecer seus outros sons, Legal e Ilegal foi um dos que me chamaram a atenção, com a clara guitarrada de um suingue caribenho e o próprio clipe, que tinha uma qualidade fantástica, longe de produções caseiras. Nas navegações encontrei um outro vídeo em que Cordeiro fazia participação na música de Aíla Magalhães, que, também daquelas bandas, já me ganhou sem muito esforço com sua bela voz e bom balanço em Trelelê. Depois disso, não me restava mais nada além de curtir sua página no Facebook e aguardar um show para conhecer o seu, e o trabalho de Felipe Cordeiro,  melhor.

Pará em Sampa, Studio SP
Mas, para minha surpresa, Aíla faria show na mesma semana no Studio SP Baixo Augusta, com a participação de outras feras do Pará e Amazonas como o Mestre Solano, Gang do Eletro e o DJ Jaloo. Fui até lá e, além curtir o som de Aíla,  pude sentir um pouco da pegada da Gang do Eletro, que mostrava bem o que era o som da aparelhagem e a dança "treme", em que os ombros parecem que vão se deslocar de tanto que tremem. Avistei Dona Onete (inspiração dessa nova geração) andando entre o público e também o próprio Felipe Cordeiro com quem pude trocar algumas palavras e até registrar o momento. Naquela noite, percebi que um pequenino espaço de São Paulo havia sido dominado pelo norte do País e senti o quanto somos criativos e ricos em diversidade. Naquela mesma semana, estes e outros artistas paraenses ainda participariam do festival Terruá Pará, no Auditório do Ibirapuera. De certa forma, aquilo representava o reconhecimento destes artistas fora de seu estado de origem. Mas, isso é mesmo o Brasil: pura miscigenação.

Gaby estará no Cine Joia 
No mês passado, foi mesmo bonito ver Gaby Amarantos se apresentar no festival "Existe Amor em SP" e ver diversos skatistas, adeptos do rap ou da "nova" MPB com as mão sincronizadas, balançando no ritmo de Ex Mai Love. Isso é uma puta quebra de barreiras, de preconceitos, mesmo. E se você ainda não conhece o trabalho de Gaby, ela se apresentará no Cine Jóia no dia 17 de novembro. Aproveite! De uma coisa eu tenho certeza, ao menos os pézinhos você vai bater discretamente. E na música o que acho bem válido é estar pronto para descobrir suas diferentes vertentes. Afinal, o novo se faz de várias misturas.


Beijunda, Elís Lucas




terça-feira, 6 de novembro de 2012

Bem-vindo ao Visical

Visical. Talvez você esteja se perguntando: "que diabos de blog é esse?!" Mas, essa foi a forma que nós encontramos (Eu - Elís Lucas e Mau Júnior) para dizer ao que viemos: falar escrever sobre música. E o resultado não poderia ser outro se não esse, já que "visi" (faz alusão à visão, o que remete a sua leitura de nossos posts) e "cal" (sufixo de "musical", a palavra mais próxima que podia fechar o nome com uma sonoridade bacana).

Mas, logo de cara, saiba que nossa pretensão não é a de ser apenas mais um blog de crítica, ou algo parecido com o Musicoteca ou o Banda Desenhada, que dão espaço aos novos artistas e que têm todo o nosso respeito. Mas, sim, de discutir sobre a nova cena musical, entendendo de que modo a cena antiga influencia esta geração. E por outro lado, curtir e discutir os sons undergrounds da gringa.

Então, a partir de hoje, prepare-se para encostar-se à frente do PC ou do notebook com sua latinha de cerveja, caneca de café ou sei lá mais o que, para ler, discutir ou apenas ouvir nossas playlists enquanto faz aquele trabalho chato da facul ou aquele freela interminável.

Ah, claro, para fazer jus à visão propriamente dita, volta e meia pipocarão dicas e sugestões de filmes, livros e de sites bacanudos. Então, como diria a marota "Enterlude", do The Killers: "we hope you'll enjoy your stay. It's good to have you with us".

Beijunda, 
Elís Lucas e Mau Júnior