terça-feira, 2 de abril de 2013

O QUE VI DO LOLLAPALOSER

E o pessoal do rock gourmet
estava reclamando da lamOH, WAIT!
Como todos sabem, muita gente aproveitou o feriado religioso para chafurdar na lama. [aaahhhhnnnnnn] Ou melhor, curtir um som maneiro, daqueles de rock gourmet, na Chácara do Jockey. E eu, por estar mais falido do que um cipriota, aproveitei para assistir a todos os shows pela televisão. Era a parte que me cabia do latifúndio, saca?

Sem mais chorumelas, é um tanto leviano e irresponsável dizer quais foram as melhores, piores e irrelevantes apresentações dos três dias de esculhambação de música. Isso sem contar que não sou ~sommelier~ de shows, crítico ou exerço qualquer atividade correlata. Mesmo assim, vamos a algumas impressões sobre o festival que terá a terceira e lamacenta edição em 2014. Faço questão dizer que é humanamente impossível comentar sobre todas as bandas. Escolhi alguns cases para citar ou malhar o Feliciano Judas:

* Da turma mais underrated e desconhecida por estas bandas, o novo bluesman Gary Clark Jr. é o headliner da bagaça. O cara é extremamente virtuose e o seu som, que faz aquele mix de respeito entre o blues e o bom e velho rock arte, rock moleque, rock sem frescura y me voy, mostrou por que é o queridinho de Austin, capital cosmopolita e não tão red neck assim do Texas;

* Cake: os tios não são necessariamente os queridinhos dos modernos, hipsters, metidos a roqueiros e qualquer coisa que valha, mas eles sabem animar uma festa - no caso, uma multidão - e sabem o que fazer no palco. Eles mandaram alguns hits respeitáveis made in 90's, como Never There, mas eles fizeram bonito com War Pigs - com todo o respeito ao metal, é bom dizer - e I Will Survive. Diz aí, sem preconceitos: você curtiu - de modo hétero ou não - que eu sei. Pode sair de fininho do armário musical, filhão;

* The Killers: os caras lá do deserto, cassinos e puteiros de Las Vegas honraram o nome e fizeram apresentação matadora - não a melhor, é bom que se diga. Com misto de hits do Hot Fuss e Sam's Town [o MELHOR álbum deles, na minha irrelevante opinião] e o novo trampo do Battleborn, os caras fizeram o público pular no fim do dia #1 como se fosse um show somente deles. E Brandon Flowers, você mandou bem pacas, fera;

* Os micareteiros indies do Two Door Cinema Club deram aquele ânimo nos entusiastas do the best of rock gourmet e, para o que se propuseram, fizeram um puta show. Os caras mesclaram os hits teen (?) do primeiro trampo, Tourist History, com os do mais amadurecido Beacon. Para uns e outros, eles jogaram ~açúcar indie~ na multidão [pq fas iso, Estadão?];

* Alabama Shakes: esta banda, lá do Acre Alabama [of course, cara pálida], merecia um post à parte. Os caras fazem som simples, sem invenção, que faz aquela mistura coesa e fodástica de elementos do R&B, blues e rock de responsa, com melodias viscerais e matadoras - ou seja, o trampo Boys & Girls é fuck music de primeira [fica dica para dar aquele climão maneiro com a primeira-dama]. E a voz de Brittany Howard não tardará a entrar no hall dos grandes vozeirões femininos ever. Que voz, que mulher...;

* Os bródinhos do Chico Ferdinando ficaram devendo, não dá para negar. Agitaram a galera, fizeram a sua graça, mandaram uns riffs maneiros e doideiras do primeiro trampo - disparado o melhor, já que os outros dois são bem 6,5 - e agitaram a galera como sempre, mas estavam um tanto mortos. De quebra, Alex Kapranos estava desafinando mais do que adolescente quando fala mais alto ou o bêbado do videokê da quebrada. Se eu fosse chafurdar na lama só por causa dos caras, levando em conta o que eles fizeram no dia #2, ainda diria que a melhor apresentação que vi deles em solo nacional foi a no Parque da Independência, em que fiquei para fora e me restou curtir a sonzeira do portão;

* A Perfect Circle: show monótono. Seria melhor assistir a um filme iraniano;

* Tomahawk: tudo o que digo é o seguinte: Mike Patton é doideira, mas é foda. E o som, direto e reto, nada mais;

* Josh Homme, como já era notório, é um frontman de primeiro time. O QOTSA não fez nenhuma invencionice, mas quebrou tudo no palco - sim, o lance de energia durante apresentações vale demais para os caras e os bródinhos que pularam e ensaiaram bate-cabeças na plateia não deixam mentir. Make It Wit Chu deve ter feito algumas gurias jogar calcinhas no palco ao melhor estilo Wando, certeza, e Feel Good Hit Of Summer, vulga Melô do Dealer, foi um dos pontos altos da apresentação. De quebra, eles mandaram uma nova sonzeira: My God Is The Sun;

* The Black Keys: sim, Dan Auerback e Patrick Carney são os fodões da cena atual, mas são overrated. Não por acaso, um dos ~repórteres~ do Multishow in loco o comparou, acredite, a Jack White e Jimmy Page [menos, não?]. No palco, faltou aquele algo mais, aquela vibração que só os headliners de formação têm. Foi bom, mas, levando-se em conta que eles foram alguns dos "puxadores de vendas" do festival, ficaram devendo;

* Puscifer: uma das grandes decepções, senão a maior. Não há muito a dizer - tanto que não seria estranho se tudo o que fosse escrito sobre os caras fosse o famoso "lorem ipsum" em repeat eterno;

* Kaiser Chiefs: a banda começou mortinha, mortinha, mas acordou de tal maneira que nem ritalina controlaria os ânimos dos caras - Oh My God, um dos maiores hits deles, levou meio mundo à loucura. E Ricly Wilson, emulando os BONS TEMPOS de Eddie Vedder, mandou uns trapézios insanos e de tirar o fôlego no palco;

* The Hives: se o show pudesse ser resumido em uma frase, esta seria: "Puta que o pariu, que show foda!". Eles não foram headliners, mas deveriam ser. Tocar de fraque, apesar de ser dissonante com a vibe da banda no palco, caiu bem. Aposto que o som "pé na porta" dos suecos virou o preferido de muita gente a ponto de parar em muita playlist por aí. Isso sem contar que Howlin' Pelle é um dos maiores frontmen e showmen dos últimos (dez?) anos;

* Planet Hemp: não seria nada estranho se Felipão, AQUELE, aparecesse no palco para dar algumas orientações a D2, BNegão e demais sobreviventes. Não entendeu? A vibe dos caras no palco foi análoga à da seleção (sic) brasileira: muito passado, muito peso da camisa e apresentação que não foi das mais convincentes. Claro que eles animaram muito mais o público e os espectadores domésticos do que a trupe de Neymar e Hulk, mas foi algo previsível e que não deslumbrou ninguém;

* O Pearl Jam merecia um estudo de caso, não apenas um parágrafo. Doce ilusão de quem achou que eles quiseram foder com a vida das Organizações Globo: a política de não permitir transmissões de shows ao vivo pela televisão é recorrente. E isso, com certeza, era de conhecimento da organização e da emissora ~do bem~. Eles até foram preciosistas, chatos e qualquer outro adjetivo mais deselegante, mas estavam no direito que lhes cabiam. Ah, eles têm de garantir o leite das crianças e, sejamos francos, para quem peitou a Ticketmaster e a MTV um dia, isso não foi nada - apesar de, ao levar-se em conta o contexto geral, ter sido uma puta contradição com o que eles defenderam um dia. Polêmicas e televisores quebrados à parte, a apresentação, com base em comentários de quem esteve lá, não foi revolucionária, mas foi fodida. Os caras são jedis, simples assim. Isso sem contar que, além dos clássicos, as covers de Ramones e The Who foram a cereja do bolo do show e do festival.

Gostaram? Compartilhem, curtam, retuitem e elogiem. Caso contrário, o arremesso de lama da Chácara do Jockey na minha cara está liberado.

Au revoir,

Mau.

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