sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

O resgate de mais um tropicalista

Documentário sobre Jorge Mautner estreia hoje nos cinemas


Mautner e Bial, codiretor do longa


Na última terça-feira, por um acaso, ao terminar de assistir a novela das 8, Salve Jorge, acabei deixando no mesmo canal, já que estava conversando com meu parceiro de música sobre nossos próximos passos e ele havia confessado a pouco que assistia ao tal do BBB. A TV estava em segundo plano, mas isso, só até o nome de Jorge Mautner,72, saltar-me aos olhos. Ele era um dos nomes que eu acabara de ler no finalzinho do livro Tropicália - Um Caldeirão Cultural e que também havia visto no próprio filme Tropicalismo que também assisti nesta terça. Muita coincidência, não?! 

Pois bem, os bombadões e as gostosonas da casa mais vigiada do Brasil tiveram a grandiosa  oportunidade de ter alguns minutos de cultura em meio àquela efervescência hormonal. Rolou uma espécie de sessão pipoca no jardim da casa e o filme exibido foi Jorge Mautner - O Filho do Holocausto, que estreia HOJE nos cinemas. Veja o trailer:



Fiquei curiosíssima para saber um pouco mais sobre este músico e poeta tropicalista. E, confesso que até intrigada, por ver algo de tamanha qualidade sendo exibido em um programa como o dos três "Bs". Fatalmente fui fuçar na internet e com muita facilidade, descubro que provavelmente o longa só tenha sido exibido por lá porque tinha a mãozinha de (Pedro) Bial envolvida, ou seja, ele codirigiu o filme ao lado do cineasta Heitor D'Alincourt, que conheceu Mautner ainda na década de 90.


Mautner, que também é filósofo, chamou a atenção de Bial a partir de sua autobiografia intitulada com o mesmo nome do filme, em que Mautner narra sua vida desde o nascimento até os 17 anos. "Foi uma decorrência direta da leitura do livro, que me impressionou muito. Desde os anos 1970, eu já conhecia o Mautner. Ia a seus shows, entrevistei ele algumas vezes. Mas quando li o livro O Filho do Holocaustoo, alguma coisa se produziu. Ele é filho de emigrantes que fugiram para o Brasil, verdadeiros refugiados. Dei-me conta de que a história dele não era diferente da minha. Comentei com o Heitor, que foi da banda do Mautner muitos anos atrás, e ele me perguntou na lata: 'O Mautner vai fazer 70 anos, por que a gente não faz um filme sobre ele?'" contou Bial em entrevista ao Estadão, ontem.

O filme é extremamente musical. De acordo com Heitor, 22 músicas (todas gravadas em estúdio) são diluídas ao longo do documentário. Fizeram parte da banda Pedro Sá (guitarra), Kassin (baixo), Domenico Lancelotti (bateria), Bera Ceppas (teclados e efeitos) e o eterno parceiro de Mautner, Nelson Jacobina, que faleceu no ano passado.

No filme também há participação de Caetano Veloso e de Gilberto Gil, os quais Mautner conheceu em Londres, quando também foi exilado. Os baianos tornaram-se parceiros de Mautner. Caetano gravou o álbum "Eu Não Peço Desculpas (2002) com ele e Gil gravou  O Rouxinol, que quase 30 anos depois do lançamento no álbum Refazenda foi gravado por Gil e seu filho Bem. O que reforça uma das características de Mautner, que estava sempre a frente de seu tempo. Haja vista Maracatu Atômico, que muitos de nós conhecemos na voz de Chico Science (1996):





Gil, chegou a gravar Maracatu Atômico no mesmo ano em que Mautner lançou a música em 1974 e em 2010 fez mais esta versão com participação do compositor.




Até a próxima.
Beijos,
Elís Lucas

0 comentários:

Postar um comentário