terça-feira, 26 de março de 2013

El Efecto - Rock, xaxado, ópera...


Essa eu conheci bem sem querer. Na semana passada, recebemos um release no e-mail da redação da editora em que trabalho, falando sobre a campanha Quem São os Proprietários do Brasil, projeto que tenta angariar fundos através do Catarse. Como eu já conhecia a plataforma, fui dar uma olhada e foi no vídeo de explicação da campanha que conheci El Efecto, já que o CD Pedras e Sonhos era uma das recompensas dadas para as contribuições acima de R$50.

No vídeo, passa um trechinho da música Um Encontro de Lampião com Eike Batista, tudo a ver com a campanha que tenta descobrir quem são os proprietários do Brasil, não é mesmo?! Pois é, mas não é só o nome da música que é longo não, com 8’23” a canção é a  mais longa do CD Pedras e Sonhos, que foi lançado no ano passado. 

O quinteto em ação
El Efecto foi criada em 2002, no Rio de Janeiro e eu me sinto com um puta atraso musical por só conhecer o trabalho dos caras agora. Mas, tudo bem. Nunca é tarde para descobrimentos. Porque o som desta banda tem de ser ouvido uma vez na vida. Não importa se for aos 99 anos. Exagero?! Que nada, até pode haver centenas de outras bandas do tipo, mas esta é a primeira que eu vejo reunir tantos gêneros musicais, temas e combinações diferentes em uma só banda, ou melhor, em um só CD, já que, por enquanto,  só ouvi um: Pedras e Sonhos. E, além de tudo isso, ainda há a cereja do bolo: os caras são políticos e críticos em cada uma de suas canções. E há quanto tempo eu não ouvia uma banda “nova”, trazendo isto.

Entre rock, música popular e erudita, o clima de uma mesma música pode começar de um jeito e terminar de outro, o que me lembra muito as músicas de Queen, pela ousadia nas variações. Mas, toda essa diferença já começa na formação do quinteto, que tem três dos integrantes no vocal, Tomás Rosati (percussão e clarinete), Pablo Barroso (guitarra), e Bruno Danton (guitarra, cavaquinho e trompete). Os outros dois integrantes, Eduardo Baker e Gustavo Loureiro, tocam baixo e bateria, respectivamente.

Vozes sobrepostas e uma gostosa mistura de ritmos. Veja só o que te espera no álbum Pedra e Sonhos.


1. O Encontro de Lampião com Eike Batista (8’23”) – Esta é a música mais longa do CD. Ela começa com acordes suaves, mas depois vai se tornando um xaxado. O ritmo vai ficando circular de acordo com a história contada, que hora fica mais calma, hora mais agressiva.
2. Pedras e Sonhos (5’42”) – Uma guitarrada só. Lembra muito o som brega moderno do paraense Felipe Cordeiro.
3. Adeus Adeus (8’03”) – É o que os evangélicos costumam considerar como louvor, já que a letra exalta a Deus, com direito a backing vocals e trechos bíblicos como Salmos 23.
4. Cantiga de Ninar (3´21”) – É o que o próprio nome já diz uma canção de ninar, mesmo  com a entrada de uns riffs pesados aos 0´45”, além de  trechos de A Cuca te Pega.
5. Prelúdio em HD (2’06”) – O começo lembra a música Nhacoma, da Expressão Regueira. Com poucos instrumentais esta faixa é baseada em vocais cantados como se fosse um mantra.
6. N ´aghadê (6’51”) – Mistura música sul-africana como as de Lebo M com "batuques oludunianos".  
7. A Caça que se Apaixonou pelo Caçador (5’02”) – Nesta música misturam-se os riffs pesados de guitarra com aqueles gritos roqueiros estrondosos, palavrões e um gostosinho solo de baixo.
8. Consagração da Primavera (4’59”) – Tive a impressão de estar lendo um poema, ao discorrer sobre a letra desta música, que enaltece a Primavera. A canção tem suavidade instrumental digna de trilha sonora de cinema com violinos, clarinete, fogote e flugelhorn. E para confirmar a ideia de poema, os quatro últimos versos são declamados.
9. Os Assaltimbancos (5’40”) – Quem escuta as guitarras abrindo a música seguidas de vozes agressivas e sobrepostas não imagina o que está por vir. Ao  ouvir Os Assaltimbacos não se sabe se está ouvindo uma música natalina ou uma trilha daquelas de desenho animado até as guitarras voltarem, quando ainda no final, a entrada de um coro lembra a energia de final de musical. Que sonzeira bacana!

Agora é esperar os caras virem pra Sampa. Enquanto não veem, baixa aê e conheça a discografia da banda.

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Até a próxima,
Elís Lucas

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