sexta-feira, 4 de abril de 2014

O QUE ESPERAR DO LOLLAPALOOZA?

Os caras do Soundgarden olhando torto para quem acha que só colará hipster em Interlagos

O festival predileto de hipsters e metidos a moderninhos está prestes a começar. Sim, o Lollapalooza começa amanhã (5) e irá até domingo (6) no Autódromo de Interlagos, onde Galvão Bueno, AQUELE, sempre diz que a chuva vem da represa. É verdade que parte do line-up tocaria na rede Sesc se fosse do Brasil [WARNING: sem demérito], mas algumas atrações são dignas de nota ou de corneta. Isso sem contar os headliners e a promessa de lamaçal maior do que o de 2013, é claro. Vamos lá?

* O Muse, que cancelou o show pré-Lollapalooza de ontem por motivos de doença [hmmm...], tende a fazer o de sempre: muito barulho, riffs e distorções com o selo Matt Bellamy de virtuosismo e terá momentos em que lembrará uma ópera rock. O que, sejamos francos, é bom, ainda mais ao pensar que eles não ficarão presos ao The 2nd Law, último álbum de estúdio. Por outro lado, como eles vêm direto e reto ao Brasil, não estranhe nada se Bellamy subir ao palco com uma camiseta do Iron Maiden e gritar: "Scream for me, Sao Paulo!";

* O Portugal. The Man com certeza entrará na cota underrated do festival. Como apenas duas pessoas com desvio de caráter já ouviram o som da banda nova iorquina [ora pois!], a maioria dos metidos a hipsters não dará muita bola para os herdeiros de pesos-pesados como LCD Soundsystem. E, para ninguém perder o costume, essa será a banda mais desconhecida a ser comentada pelos próximos dias;

* O Imagine Dragons poderá ser uma das decepções. "Por que diz isso, mané?", alguém me perguntará. Vamos lá: quem conhece algo além do hit Radioactive? O público irá à loucura, cantará junto e alguém tentará um mosh leite com pera, mas a mesma vibe dificilmente será a mesma durante o resto do show;

* A Nação Zumbi entrou na cota de monstros sagrados da cena nacional. De tão fodões, dá até constrangimento pensar em falar mal de Jorge du Peixe, Lúcio Maia e cia. limitada. Vá lá, hits da fase Chico Science serão inevitáveis e obrigatórios, mas aguarde doses cavalares do novo trampo, lançado neste ano e que carrega o nome da banda. Ah, e não será só o maracatu que pesará uma tonelada, mas as guitarras de Maia e a empolgação do público estarão no mesmo patamar;

* Jake Bugg é o mais novo queridinho dos descolados e das gurias que se cansaram de boy bands. Vá lá, o mais novo expoente do blasé hipster manda bem, mesmo, e o álbum Shangri La flui bem. Mesmo assim, a galera cantará em uníssono o hit Seen It All, que virou tema de uma novela aí. E não seria de tudo estranho se algumas calcinhas forem jogadas no palco e ele tentar arranhar Fogo e Paixão, do eterno Wando;

* O Phoenix e o Vampire Weekend com certeza farão shows animados, é verdade, mas as chances de ambos os grupos serem representantes da cota "açúcar indie" [projeto Estadão]. Pelo lado do Phoenix, o line-up será predominantemente do álbum Wolfgang Amadeus, que é animado, pero cheio de sintetizadores. Já o Vampire Weekend será lembrado pela eternidade por causa do álbum Contra;

* Tudo o que poderá ser dito sobre o New Order é: assistir ao show é obrigatório. Ir ao Lollapalooza e não ver os ex-integrantes do Joy Division em ação é como ir a Paris e não visitar a Torre Eiffel, ir ao Egito e não ver as pirâmides, vir a São Paulo e não fazer um rolê na Augusta e assim por diante;

* Trent Reznor é jedi faixa-preta, mas não é lá muito provável que o NIN irá empolgar o público. A bad vibe do som da banda tende a falar mais alto [NOTA DO CAGARREGRA: espero estar errado];

* Para quem assistir ao show de Julian Casablancas + The Voidz, uma dica fundamental: desapegue do The Strokes, em especial se você for um fã chato [presente!] que não curtiu Angles e Comedown Machine. O som é pesado, o baixo manda lembranças e as guitarras estão ali, mas há sintetizadores. Como essa é a proposta do som, OK. E, apesar dos pesares, Casablancas é Casablancas;

* O Arcade Fire sempre empolga, não dá para negar, mesmo quando o som não é agitado. O show será predominante do álbum The Reflektor, isso é um fato, mas dá para espera hits do aclamado The Suburs, de 2010;

* Lorde está na cota queridinha do mainstream, por mais que ela não queira. A neozelandesa ainda adolescente, mas cheia de personalidade e marra, mostrou que não veio ao show bizz a passeio e quer provar por A+B que não é apenas um produto da indústria fonográfica. Tanto que lendas como Bruce Springsteen já tocaram o seu hit, Royals, ao vivo. Ah, vejamos se ela não terá nenhum momento à Caetano Veloso, dará algum piti e mandará alguém botar essa p*rr@ para funcionar;

* O Pixies entra na cota de memória afetiva e vem sem a baixista Kim Deal [esqueçam: ela não voltará à banda]. Tentando mostrar ao público brasileiro que o som não se resume a Here Comes Your Man e Where's My Mind?, o hino mundial da ressaca, os caras lançaram o álbum EP-1 após hiato de 23 (!!!) anos. Será que empolga?;

* Landies and gentlemen, não dá para negar que a grande atração do Lollapalooza é, sim, o Soundgarden. A trupe liderada por Chris Cornell estará eternamente dentro dos corações dos grunges dos anos 90, que irão ao Autódromo de Interlagos no domingo (6) apenas por eles - com alguma sorte, pelo Pixies também. O último álbum dos caras, o bom King Animal, será predominante no set list, mas a galera irá à loucura com sonzeiras do nível de Rusty Cage e Black Hole Sun.

Enfim, a seção de cagação de regra acaba por aqui. Podem ignorar tudo o que foi dito acima e curtir o Lollapalooza sem preconceitos, mas sem achar tudo lindo e maravilhoso.

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