quinta-feira, 14 de março de 2013

Desabafo do Grito (Rock) - Parte II

Os brothers do Imaginário Mundo de Haroldo
quebraram a banca no palco, mas apenas
meia dúzia de gatos pingados puderam
sentir a vibe dos caras ao vivo.
(Crédito: Elís Lucas)
No post anterior, a Elís foi impecável na análise e relato de todo o pesar sobre a última edição do Grito Rock, que aconteceu (?) no último sábado, no Lago de Vila Galvão - ou popular Lago dos Patos, como preferir. Fiquei desolado e preferi (covardemente, reconheço) engolir a desolação, mas as linhas escritas pela minha parça me fizeram repensar sobre muita coisa a respeito disso.

Apesar da correria do pessoal da organização, que fez bem a sua parte, o resultado foi desolador. O público ficou restrito a uma meia dúzia, composta pelos os que sempre estão em eventos da cena cultural da cidade, e um ou outro transeunte. Nem coloco a chuva na roda porque as águas de março são fodas  não há como competir com fenômenos da natureza, sejamos francos. E ela foi a cereja de um bolo inglório.

Muita gente boa, contando a própria Elís, ficou sem tocar por causa da chuva, que inundou o local. Disse há pouco que não dá para competir com a chuva, o que é verdade. Mas a região do Lago dos Patos, (ainda?) tida como nobre, é tudo menos acessível para o pessoal que vem de locais diversos de Guarulhos. Se fosse na região do calçadão da Dom Pedro, sei lá, talvez haveria mais público - não muito, talvez -, mas haveria, como o foi no ano passado. O que mais doeu, como um chute do Anderson Silva na cara, foi justamente a falta de público. Sabe aquele lance de que é preciso valorizar e fomentar a cena cultural local? Então...

Muitos reclamam que não há nada em Guarulhos, que poucos se coçam para fazer alguma coisa e demais queixas válidas, até. Mas na hora do vamos ver, cadê todo mundo? Não serei hipócrita de dizer que sou o cara mais engajado na cena cultural daqui - tem aquele lance de sobrar mundo e faltar braços, saca? -, mas é visível que muita gente que se interessa por bandas underground, pelo teatro (não me refiro a stand-up e peças comerciais, ficou claro?), audiovisual e afins parece dar de ombros para o que rola aqui. E é aí que o público entra, pelos seguintes motivos: tem muita gente boa e interessada em fazer trabalhos de responsa por aqui, mas os envolvidos têm de suar sangue para fazê-lo.

Falando nas dificuldades, nem entrarei no mérito do poder público, que deixou muito a desejar nos últimos tempos - para usar termos educados. Digo a muita gente que, de uma maneira ou de outra, usa a cultura como moeda de troca, barganha, escambo e a porra toda e outras coisas lamentáveis. Logo a cultura, que é, ao lado da educação, um patrimônio imaterial da humanidade, se pá.

Ah, isso pode soar piegas, mas nunca é demais repetir que os caras da cena local precisam ser valorizados e, logo, de incentivo. Afinal, a cena grunge de Seattle (EUA), lá no finzinho dos anos 80, não surgiu por abiogênese; tampouco o genial mangue beat, na igualmente genial Hellcife. E olha que nem vou me estender muito porque exemplos não faltam.

Reclamamos muito, é verdade, mas será que não devemos arregaçar as mangas e apoiar os caras que levam tudo no peito e na raça? Fica a provocação.

Beijundas,

Mau.

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